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Agosto de 2021, Simone Biles Owens, ginasta americana ganhadora de vinte e cinco medalhas em campeonatos mundiais, sendo dezenove de ouro, decidi abandonar a Olimpíada de Tóquio. Ao realizar um movimento no primeiro aparelho da final por equipes da ginástica artística, a atleta se perde no ar e não realiza o movimento.
Declarou a atleta: “Você tem que estar 100% lá”, disse Biles aos repórteres após o evento. “Se não, você se machuca. Hoje foi muito estressante. Eu estava tremendo. Eu não consegui dormir. Nunca me senti assim entrando em uma competição e tentei me divertir. Mas assim que cheguei, fiquei tipo: ‘Não. Minha mente não está aqui’“. A qualidade técnica da atleta levou o mundo esportivo a se questionar: O que pode ter ocorrido?
Simone Biles sofreu um bloqueio mental denominado “twisties”, que pode ser considerado como uma perda momentânea da noção de espaço, que ocasiona uma desvinculação entre os estímulos mentais e as manifestações corporais. A causa: estresse mental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou no dia 17/06/2023 sua maior revisão de caráter mundial sobre a saúde mental (World mental health report Transforming mental health for all). O objetivo é fornecer elementos para que a humanidade busque a melhoria da saúde mental.
O problema atingiu proporções alarmantes.
Dados de 2019 apresentados pela OMS informam que quase um bilhão de pessoas viviam transtorno mental, sendo que destes, 14% eram adolescentes. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes. 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade.
Pessoas com graves problemas de saúde mental vivem, em média, 10 a 20 anos menos do que a população em geral. Problemas de saúde mental trazem como consequência doenças físicas que poderiam ser perfeitamente evitadas.
Ainda segundo a OMS, desigualdades sociais e econômicas, emergências de saúde pública, guerra e crise climática estão entre as ameaças estruturais globais à saúde mental. A depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.
O relatório da OMS concita a todos os países a implantarem o Plano de Ação Integral de Saúde Mental 2013 x 2030. Neste plano são destacados três caminhos para a transformação deste quadro, que são:
1. Aprofundar o valor e o compromisso que damos à saúde mental.
2. Reorganizar os entornos que influenciam a saúde mental, incluindo lares, comunidades, escolas, locais de trabalho, serviços de saúde, etc.
3. Reforçar a atenção à saúde mental mudando os lugares, modalidades e pessoas que oferecem e recebem os serviços.
Este quadro existente na humanidade é uma ressonância do que ocorre no ambiente empresarial. Os trabalhadores, independente do segmento de atuação e de qualquer outra variável que possa ser considerada, estão passando por problemas desta natureza.
O grande desafio das empresas é conscientizar desta problemática. É entender que esta situação pode estar, embora em estado latente, ocorrendo no âmbito de seus colaboradores e desenvolver ações que irão minimizar os efeitos nocivos dos problemas de saúde mental.
Simone Biles voltará a competir neste final do mês de setembro, já visando as Olimpíadas de 2024 em Paris. Para isso, teve a coragem de reconhecer o problema, o encarar, se tratar e voltar, esperamos todos, a brilhar na ginástica olímpica.
Fica o exemplo desta atleta como um alerta a todos nós, particularmente às empresas, para desenvolvermos campanhas de esclarecimento e de ajuda àqueles que passam por problemas desta natureza.