Real finalidade das empresas
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Uma das características mais marcantes no ambiente empresarial brasileiro é a concorrência generalizada, fato que teve seu início no processo de globalização. No início desse processo, as empresas tiveram muita dificuldade para entendê-lo, pois a concorrência surgia rapidamente muitas vezes com preços e valores agregados bem mais significativos, atraindo os clientes.
A consequência desse processo nas organizações do País foi uma concentração de esforços pela manutenção e, principalmente, aumento do market share, pois a alternativa que mais se apresentava nesse quadro era o crescimento da organização ou o risco do seu desaparecimento. Processos internos foram redesenhados, estratégias redefinidas e, como não poderia deixar de ocorrer, readequação da mão de obra.
Para manter a competitividade, as organizações buscaram cada vez mais agregar valor a seus produtos e serviços, adicionando expressivos ganhos de produtividade. Tais ações tiveram impacto direto no corpo de colaboradores, pois era nesse universo que a produtividade obtinha campo fértil para aumento. Cada vez mais, foram exigidas dos colaboradores ações que trouxessem retorno financeiro para as organizações. Dados de 2016 no Japão indicam que um quarto das empresas daquele país exigia que os funcionários trabalhassem mais de 80 horas extras todo mês, o que corresponde a um incremento de quase 50% nas horas normalmente trabalhadas.
Ao mesmo tempo em que esse quadro se delineava, a Quarta Revolução Industrial trouxe para o mercado de trabalho alterações significativas. Novos modelos de negócio, intensa automatização do trabalho, inteligência artificial presente em vários segmentos, apoio de robôs em atividades repetitivas, nova conscientização do cliente que o empoderou na relação com as organizações foram apenas alguns fatores determinantes na relação colaborador x empresa. O colaborador deveria se adaptar e tais mudanças e estar apto a contribuir para sobrevivência das suas organizações. A qualificação do colaborador, se já era importante em épocas passadas, passou a ser fator determinante para atender às exigências de um mercado competitivo.
No caso das empresas brasileiras essa situação era muito mais agravada devido à baixa qualificação de nossa mão de obra. Quando se analisa a produtividade da mão de obra em nosso País, verifica-se seu baixo nível, principalmente nos setores técnicos. Alia-se a esse quadro de aumento competitivo o risco de desemprego.
Assim a situação de mercado atualmente delineada no Brasil tem como características fundamentais a acirrada competição, o baixo nível de qualificação da nossa mão de obra e o cliente exigente que nem sempre tem razão, mas sempre deve ser ouvido. Acrescente-se a esse quadro as consequências de uma situação de pandemia extremamente grave, situação essa que não é vivenciada pela sociedade há séculos.
Todo esse quadro tem como resultado um medo muito grande e uma incerteza quanto ao futuro. A certeza que se apresenta é um ambiente de fechamento de várias empresas, de recessão econômica muito alta e desemprego que não se tem ainda condições de previsão mais acurada. Pesquisas apontam um alto índice de estresse na população, girando em torno de 72%, isso ainda sem considerar as consequências da Covid-19.
O que as organizações devem se preocupar é não apenas com os que perderão inexoravelmente seus postos de trabalho, mas também com os que conseguirão manter seus empregos. Já é hora de começar a pensar no amanhã, no período pós crise, é criar as bases para reerguer as organizações. E isso passa, necessariamente, pela qualidade de vida dos seus colaboradores.
Quando se passa por crises econômicos e de desemprego como a que estamos passando, a tendência é eclodir um clima de incerteza. Incerteza para os que ficam desempregados, para as empresas que diminuem faturamento, outras que fecham definitivamente; incertezas quanto a manutenção de medidas governamentais de ajuda aos necessitados. Mas essa incerteza reflete também naqueles profissionais que conseguiram manter seus empregos ou que estão em situação de empregabilidade.
Sempre ficam perguntas: o que o futuro nos revelará? Quando haverá o próximo corte de mão de obra? O que farei se perder o emprego? Como não há respostas para tais indagações, o clima de incerteza gera uma situação de segurança que, inexoravelmente, reflete no desempenho do profissional. Por mais racional que ele seja, o medo de consequências negativas para ele e sua família estão sempre presentes nessas situações.
A empresa pode sim contribuir para minimizar tais efeitos negativos que impactam na produtividade. Transparência no relacionamento com o colaborador informando a situação da empresa e do mercado é uma das principais ações nesse sentido. Tal ação deve ser complementada com atitudes empresariais pró valorização do profissional, tornando-o peça importante na engrenagem empresarial. Aquele colaborador que se sente importante, tende a entregar cada vez mais a seu empregador.
Outras medidas que se enquadram nesse contexto de valorização do profissional são aquelas associadas à melhoria da qualidade de vida do mesmo e, se possível, de sua família. Quanto mais o profissional sentir-se amparado, mas demonstrará segurança para superar essa fase de incerteza. Como consequência, sua entrega será cada vez melhor.
Dentre as medidas nessa direção, destacam-se as relacionadas à saúde do colaborador e sua família. Recentes levantamentos efetuados indicaram que apenas 25% da população brasileira tem acesso a planos de saúde, sendo que a maior parte depende do sistema público que, embora modelo de referência mundial, carece de condições básicas de atendimento. O resultado desse quadro reflete na empresa, pois a maior parte delas, que não oferecem planos de saúde, devem conviver com seus colaboradores nesse sistema carente.
Apesar desse quadro, cada vez mais o mercado vem oferecendo soluções de saúde para empresas cujos empregados não são atendidos pelas operadoras. Tais soluções passam não apenas pela manutenção da qualidade do atendimento, mas também pela oferta de preços adequados e compatíveis com a situação econômica e financeira da quase totalidade das empresas brasileiras.
A manutenção da boa saúde não deve ser considerada despesa e sim investimento, que trará para as organizações níveis elevados de rentabilidade e produtividade.
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Excelente artigo. Indubitavelmente, é imprescindível às organizações o cuidado com a saúde física e emocional de seus colaboradores. E, convenhamos, produtividade é o que todas as empresas buscam (e esta não está somente no treinamento e capacitação).